Voltei a compor há algumas semanas. Não por compromissos, calendários, mas por necessidade. Estamos fazendo dez anos de banda. Dez anos de muita gratidão, satisfação e de muitas dúvidas e conflitos. Normal. Uma moeda. Dois lados. Ao longo destes anos me vi algumas vezes entrar correndo no meu quarto, batendo a porta, deixando la fora uma série de coisas que parecem deixar os turvo pensamentos acerca de quase 4.000 dias dedicados ao CARBONA. Pois é nessa hora, ali na "garagem", entre as 4 paredes do meu quarto com meu violão que eu faço o acerto de contas comigo mesmo. Olho o "prazer de tocar" nos olhos, sem intereferências e reafirmo a certeza de que há prazer. Assim tem sido. E continua sendo. Acho que estou escrevendo sobre isso por que hoje passei por um desses dias. Acabo de ficar duas horas trancado no quarto com minha viola na mão. Consegui colher algumas poucas frases de uma estória que começa a ser contada. Mas isso é mero detalhe. O que importa mais uma vez é que olhei o prazer nos olhos e vi que ele estava lá. Já tenho duas músicas prontas, escritas depois do "Apuros em Cingapura" e estou feliz por tê-las escrito. Já ensaimos as duas músicas e mais uma vez parecemos reativar a vontade de seguir tocando. Hoje encontrei mais uma vez a curtição de 1998. A mesma de quando escrevi IF YOU WANNA DANCE de nosso primeiro disco Go Carbona Go. Não comparo minhas músicas e sim o prazer de escrevê-las. Comparar discos e músicas é um papel que cabe melhor aos fãs. O irresistível exercício de comparar, rankiar, catalogar e atribuir notas. Sou fã de bandas também, muitas delas. Queers, Muzzarellas, Magaivers, Zumbis e além disso um fã de carteirinha de Nick Hornby e seu personagem Flemming. Acho que todos os amantes de rock são flemmings potenciais com Rankings, 5 melhores isso , 5 melhores aquilo. Muitas vezes me pego na tentação de comparar e rankear discos e sons dos meus artistas e bandas preferidos. Ultimamente tenho até me esforçado pra ter uma nova relação com a música, mas volta e meia me entrego a tentação (risos). Já com o CARBONA, ao compor discos, me dedico a monitorar e comparar o prazer de escrever as músicas. Acho que esta é a coisa certa a se fazer. Acho que aí reside a comparação produtiva. O prazer de compor é pra mim o selo de "qualidade" da estória toda. Músicas compostas ou escritas sem prazer, são músicas piores que as outras. O dia em que esse "índice" (se é que cabe falar de forma tão racional) cair, será o dia em que tudo perderá o sentido. Hoje escrevi algumas poucas linhas, mas reencontrei mais uma vez o prazer de compor. Amanhã temos ensaio. Colocamos no set list músicas como NO WORDS e ELA NÃO QUIS IR COMIGO PRO CINEMA. Músicas que escrevemos há anos atrás, que há anos não eram tocadas, mas que voltaram nos trazendo empolgação e felicidade por tocá-las. No Hangar 110 neste sábado estaremos no palco mais uma vez, em questão de minutos , passando de Vide Bula à Macarroni Girl. Quase 10 anos separando essas duas canções, quase dez anos de curtição. E como sempre, quase que como tradição, ao falar de CARBONA e anos, eu faço questão de escrever e registrar o OBRIGADO OFICIAL A TODOS QUE NOS ACOMPANHARAM E COMPARTILHARAM NOSSA CAMINHADA. Paz e Rock! (foto do nosso primeiro show no emporio, RJ)
