Ontem bati um bom papo com Ryza Azevedo que faz pesquisa sobre influêcia da internet na vida de bandas que estão surgindo com o objetivo discutir como a internet cria uma nova relação entre espaço e tempo de interação social, modificando as formas de comunicação de forma exponencial. Pretende observar o que faz com que a mídia perceba os novos talentos que estão fazendo sucesso pela rede. Achei o tema bastante interessante, de grande interesse pra mim e acredito que para todos que estão envolvidos com produção artística ou até mesmo como simples fã de música. Não acredito que o CARBONA seja exatamente um fenômeno de internet mas sem dúvida uma banda que ao longo dos dez anos construiu muitas coisas com o apoio da grande rede. Além disso é o tipo de entrevista bacana de fazer e de responder, bem diferente das que costumamos fazer. Pra quem gosta de entrevistas, de web ou simplesmente de ler as palavras do velho BADKE, aí vai:
1. Qual foi a primeira estratégia usada por vocês para se lançarem no mercado? Quando gravamos nossa primeira demo em 1997 , estávamos começando a "navegar" na web. Empolgados com a nova ferramente arriscamos alguns contatos em outros continentes e acabamos lançando nosso primeiro cd por um selo canadense (AMP RECS) e fazendo nossos primeiros shows por lá. Isso abriu algumas portas por aqui quando voltamos, além do aprendizado em torno de tournes independentes. Voltamos pro Brasil despertando curiosidade e empolgados pra aplicar aqui coisas que aprendemos por la, onde o cenário de música indie era mais desenvolvido.
1. Qual foi a primeira estratégia usada por vocês para se lançarem no mercado? Quando gravamos nossa primeira demo em 1997 , estávamos começando a "navegar" na web. Empolgados com a nova ferramente arriscamos alguns contatos em outros continentes e acabamos lançando nosso primeiro cd por um selo canadense (AMP RECS) e fazendo nossos primeiros shows por lá. Isso abriu algumas portas por aqui quando voltamos, além do aprendizado em torno de tournes independentes. Voltamos pro Brasil despertando curiosidade e empolgados pra aplicar aqui coisas que aprendemos por la, onde o cenário de música indie era mais desenvolvido.
2. Como vocês faziam no início da carreira para divulgar a banda? Gastando sola de sapato, cola e dinheiro de xerox (risos). Os 3 Carbona Ja haviam tocado em outras bandas , eu particularmente comecei em 1993, era dos fanzines de xerox, cartas e telefone. Nao havia internet. Isso nos obrigava a estar na rua : colando cartazes, filipetando, procurando imprensa tradicional. Estes conceitos so ganharam força com a chegada da internet. A gente sempre procurou fazer da internet um complemento, um algo mais na divulgação, mas não um substituto total das velhas formas de divulgação. Podemos dizer que hoje é a principal Mídia para o trabalho de divulgação indie, mas não funciona sozinho. Existe uma idéia de que ter banda/trabalho artístico é igual abrir um FLOG, BLOG, MYSPACE e mandar Spams. O trabalho de produção vai com certeza bem além disso.
3. Quantos CDs vocês já gravaram? Quantos independetes? Quantos venderam? Acabamos de gravar nosso oitavo disco (ainda não lançado) e juntando os 7 lançamentos chegamos na casa das 18.000 cópias vendidas. Todos independentes através do selo 13 RECS de São Paulo.
4. Fale sobre esse projeto novo de vocês que será lançado em outubro. Estamos lançando nosso oitavo disco, chamado PING PONG, pela Revista Outra Coisa , um projeto do Lobão que traz mensalmente um novo trabalho às bancas encartado na revista. Consideramos uma grande conquista pois estaremos figurando ao lado de grandes nomes já lançados pela Revista como Arnaldo Batista, Plebe Rude, B Negão, Wander Wildner dentre muitos outros. Além disso, a Revista oferece a possibilidade de fazer o disco chegar lugares antes não alcançado por problemas de distribuição. É motivante participar de um projeto que faz o seu disco chegar a todos por um preço honesto R$ 15,00 (cd + revista), acompanhado de muita informação já que a revista além da matéria do CARBONA com quase 10 páginas, tras uma série de outras linhas escritas por um corpo editorial de primeira.
5. Fora do Rio, onde já fizeram shows? Estamos próximos de completar 400 shows ao longo de quase 10 anos. Já tocamos em todas asregiões do Brasil exceto a região norte. Destes 400 shows certamente, mais da metade foram fora do Rio. Essa é na verdade minha grande conquista até aqui. Conhecer meus país a serviço do rock!
6. Já participaram de programas de televisão, quais? Ao longo dos anos já participamos de inúmeros programas em veículos tradicionais. Não tenho aqui uma relação deles mas posso citar alguns veículos que abriram as portas pra gente: RBS/RS , MTV, Multishow, TVE dentre outras retransmissoras nas cidades do interior.
7. O que rende dinheiro de verdade: CDs ou shows? Dinheiro de verdade? (risos). De verdade mesmo? Nada! Ok, isso foi uma brincadeira. A venda de cds vem caindo nos últimos anos. O público de rock está cada vez mais conectado à web e a percepção de valor de um cd assim como a forma de consumo de música vem mudando muito. Aos poucos vamos vendendo em nossos shows mais camisetas e acessórios do que cds. As vendas estagnaram e os downloads aumentaram. Hoje , temos uma realidade onde sem dúvida ganhamos mais dinheiro com os shows.
8. Vocês disponibilizam músicas na Internet? O que você acha que faz o público continuar comprando CDs? Sim nós disponibilizamos músicas na web com finalidade de divulgação, mas olhamos de forma bem atenta pra isso. Existe sim um problema sério hoje envolvendo a alteração na percepção de valor da música. Músicos vivem de música e se ela é oferecida de graça você cria um problema pra você. Por outro lado algumas movimentações na indústria são definitivas e não tem como ir contra. A nova geração consome música sem as limitações do espaço físico. Um álbum era um álbum pois deveria caber num vinil. Hoje já se houve música fragmentada. As pessoas parecem não mais se preocupar com conceitos de disco e etc. As vezes acho que estaríamos voltando a era dos singles e 7"s so que virtual. Estamos vivendo no olho do furacão, acredito que daqui há alguns anos as coisas ficam mais claras. Quanto ao público que compra cds, acho q isso esta mais ligado a um habito de gerações passadas. Outro dia fuina FNAC e pude perceber que você não vê ninguém com menos de 30 anos comprando CDS. As pessoas compram, não creio que vá acabar, mas acho que teremos sim uma migração de volume do cd para novos formatos de comercialização de música.
9. Vocês costumam responder, pessoalmente, os e-mails dos fãs? Como é a relação de vocês com os fãs hoje? Sim respondo TODOS os EMAILS de fãs. Tem sido assim ao longo dos 9 anos de banda. No entanto, não respondo todas as mensagens deixadas em orkut e outros espaços da banda na web. Meu Orkut tem uma mensagem dizendo que contatos sobre a banda devem ser feitos por email. Minha interação com fãs começou com carta, aos poucos vi as cartas serem substituídas por emails, Hoje vejo o numero de emails caindo pois grande parte desse contato e feito pelo Orkut mas não tenho como dar conta de comunidade, dois profiles no orkut, blog, blog da banda, é um fluxo de info. Muito grande e elegi o email como canal oficial de contato com fãs. Até por que é uma coisa mais íntima, e a pessoa tem q dedicar 5 segundos pra fazer o contato. Convenhamos que 5 segundos AINDA não é muito tempo na correria do dia a dia certo? Nós sempre abrimos caminhos de diálogo e comunicação com o público e somos o tipo de banda que ao longo da caminhada demonstrou gratidão e retribui com atenção. É uma relação por vezes difícil mas muito gratificante.
10. Todo mundo sabe da dificuldade de divulgação das bandas novas, por causa do jabá das gravadoras. Como vocês pensam em conseguir atingir as grandes mídias? Trabalhando pra caralho, gastando sola de sapato, gasolina e mantendo o brilho nos olhos. O sistema cultural é injusto e diante dele a gente desiste ou luta. Escolhemos lutar e seguiremos dessa forma enquanto a gente sentir paixão pelo que faz. A gente não é ingênuo sabe que o jabá impera e determina mas não se curva diante disso. Ao longo dos anos conseguimos mostrar a vários veículos o nosso trabalho incessante e como indie temos portas abertas em vários deles como por exemplo MTV , Multishow e Jornal o Globo para citar alguns deles. Agora esses espaços foram conseguidos muitas vezes a base de envio de material ao longo de 4, 5,6 anos. Não sei o quão longe podemos ir sem apoio de estruturas maiores, mas a gente segue pelo menos abrindo caminho para o nosso nome. Dessa forma, se um dia estivermos batendo na porta da mídia através de uma grande gravadora, as pessoas saberão deonde veio o nome CARBONA e que não somos um "sabonete" e sim uma banda com estrada.
11. Acredito que o orçamento de vocês deve ser pequeno. Como são, por exemplo, as viagens, a produção de clipes, os sites na Internet? O que você acha que poderia fazer se tivesse um orçamento maior? Viagens são pagas pelo contratantes de shows. Clipes só fizemos 02, infelizmente, justamente por questões orçamentárias. Geralmente são feitos com grana do selo, grana de shows, e ajuda e boa vontade das pessoas que decidem entrar na empreitada. Se tivesse um orçamento maior, faria meu som chegar para um número maior de pessoas, teria uma vida musical mais ativa, faria mais shows. Mas a gente chega lá!
Ainda ontem, nessa vida vivida fizemos nosso primeiro ensaio oficial de preparação para os shows da PING PONG Tour! O show de lançamento do disco acontece no dia 24 de outubro e já temos datas de shows agendadas em diversas cidades. Muito em breve estaremos divulgando isso. Nosso ensaio ontem ficou resumido a tocar as 12 músicas do cd para escolhermos aquelas que estarão sendo tocadas ao vivo. Esse é um processo muito difícil por que a gente ainda não tem retorno da galera que acompanha nosso trabalho. Os primeiros shows geralmente são feitos em cima das músicas que a gente curte tocar e ao longo das semanas a gente vai afinando repertório. Algumas músicas do disco já foram submetidas ao “test drive” como VIDE BULA que vem sendo já há laguns meses a música de abertura dos shows e sempre muito bem aceita, EU SOU DOENTE eu toquei nos shows que fiz acompanhando os Magaivers de Curitiba e SESSÃO DA TARDE que já é conhecida da galera pois foi disponibilizada em versão demo na Trama Virtual. Além dessas três tocaremos possivelmente mais umas 3 ou 4 do disco novo. Fico por aqui jovens! Paz e Roc a todos vcs!